sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Em Ofício de Relógio

Eu tinha sede e mastigava tempo. Eu tinha fome e bebia-me líquido. À pré- entre e pós- minha existência, ou mesmo na desistência. Até que de si as glórias nem passassem de memórias. Empoeiradas... Emparedadas entre o passado e futuro.
Mas hoje - aqui - neste exato momento: um instante em atributo às horas que fui eu em mim chorando... À flor mesma, e quando por eu estar sóbrio e já não haver mais tempo...
Ser sólido apenas em partícula-pó.
- E quem me sabe as estrelas?  Os pássaros... E que sou só um menino em concebê-los. Além e por uns dedos em transe por querê-los junto a mim. Asas pra se voar... Voar.
- E depois?

- Depois, que VERSE-me a eternidade.

domingo, 14 de julho de 2013

inveja

inveja

No princípio de sua dor aquele sujeito rivalizava até com a paisagem. Antes mesmo que gatos e passarinhos se pusessem em resguardo de chutes, palavras de mal dizer... O acúmulo de sofrimentos no homem, ele praticava suas iras contra os animais. Aprendiam os bichos a pânicos que amor não se espera e a falta deste a ausência muito desespera. O caso se era uma inveja das liberdades? Quem sabe! Uns de fome o sujeito até se pratica a autoternura: um Vexame! Qual gente sozinha, a pessoa com frio e o silêncio? Uma ave de insônia em errância. Mergulhos na própria dor.  
Todaviaos enluarados. Um amanhece azul e que só um grilo lhe flecha o sonho, outro na rua a passos de quem sabe as bandas do nascente, se distanciando outro. Vai à trilha crescendo para escrever rumo onde flor é flor mesmo, no chão e paisagem. Olhar e desejar - nasce relva surge rio com riso o pomar é paraíso. Partiu aqueloutro levando do dia anterior uma criança nos olhos.
E tinha um desconforto uma tristeza bem triste o desditoso homem, Se Arrancava os cabelos em silêncio, esse era ainda a sua privada casca. Tão ferido os dedos rasgando a própria carne e sangrava agonias. Além de permanecer em estado de alerta o atormentado e seu impróprio bicho interior, ele tinha por princípio ser ensombreado nos fins. Mas que nunca ninguém soube por que daquelas suas vinganças se auto-aplicando.
 Salvo a fera, conquanto de impossível queria eu era de haver o tempo, ele sorrindo, mas o tal só se dava a desafeições que eu tinha tanta pena. Um dia o chamei as quantas de lhe dizer umas poucas bOAS palavras. umas desarroganciazinhas de carinho, Se me permitia? Intencionava umas palavras pra ele a palavra cada qual com uns pintos de sol. Fui breve logo dizendo para ele não ter implicância com a própria vida dele e mais as alheantes. Justo elas lhe esbarrando as dissidências seus descaminhos frios. Deviam os aconteceres ser com as gentes e bichos só para arrepios, pensava eu - tem que ser a criatura gente de justiça e beber na paz. E minha pretensão por ele era apenas um passeio, andar os dois de ir e volta do poente ao dia anterior. Mas ele entorta, me acusa a de vADIAGEM, até disse uma palavra safalário ou salafrário que não entendi nada bem. Contudo, achei que era bonita a palavra. Em desde trago-a no bolso escrito assim - Sou salafrário!?... E que repito com arranjos para assobio.
Para o homem não dei trégua. Já que não escutava falei a boca solta: disse poética ele “enganação, disse aRtE, ele “embromação”. Escutei ruídos de música e pedi atenção, ele – “sai de mim poeta chinfrim”! Fui TEIMOSO: “então o que o acaso trás e o vento nos cabelos?” Ele esconjura e diz - “sou a razão”. Eu sou a flauta e o bailarino, meu corpo languida-se de ser feliz e o convidei para dançar, ele pedra. Eu  convocava aos salões, ele pupila rasa. O bailado foi só meu e caí em seu ocaso.
Pássaros espiavam das árvores, eu no rente chão cuidava uma cigarra. O homem surdo, contudo lhe vi um descuido: ele não queria e viu a flor que colibri flechara. Eu? - Ah! “se de tais rosas tua estátua se erigisse!”. Meu arpão a ponto de mágoa e foi que no final do embate ouvi: “e as vozes?” Escutei o incrédulo e arrematei: “no PARAíso vou apascentar-me de ternuras, para ti não há carícia que te salve, a preguiça tudo cala.
E os bichos, pressinto o que ele quase pensava. Acrescentei, nós temos os contentamentos, tu as raivas e quando eu disse - “Os pássaros” e piei, ele grita: me irritam. E eu por último: “ave de princípio um dia também voo”.

O homem? Entrou em desamparo de me escutar assim. E me decretou a derradeira palavra - Louco!

Obs: o texto foi publicado no Jornal de Artes, edição: julio/13.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Desejo de Beleza

I.
Foi antes muito antes na pré-história eu já era bicho-gente, caçava pescava minha comida e amor. Um dia!...Que nada não tinha essa demarcação gente coisa casa tempo, como hoje ainda em alqueire de terra ver a paisagem lhe despertence. Um campo em que flor desponta na ponta de uma haste, ninguém há de ser o dono apesar das farpas o arame a cerca.
E olho assim o meu avistando essas belezas desassossega regramentos que, um juiz nunca lhe alcança para grades. O meu desejo de beleza para tais visões é algo que nem o mais nobre sábio desaconselhando eu resistia de ter asas e ver afortunadas configurações.
Naquele não-tempo todo mundo era nu e pelado. Bicho gente sempre agrupados, sociabilizar parasitas na pele do outro e que gozo as fêmeas redondas!... Eu ficava por indefinido estar ali, somente eu só numa sombra. E elas em grupo -  muito as visionava nas minhas preguiças e, acarinhante a sombra.
Depois foi que principiei a uma despertação: quis acordar sobre um algo que sentia, mas sem palavras, não traduzia nem a mim a vertigem.
- Então as fêmeas e aquelas todas vastidões?
Era um ponto como coisa pontual, aquilo apontando em mim, feito pulga entre o cocorôco e os olhos, a coisa dentro, eu não alcançava, suspeitando...
- Desejo de Beleza? Ou aquilo que somente alcancei em pegar a força, a grito. E que nunca mais parei de ter fome e insônias.

II.
Desejo de beleza é uma Vênus como a de Willendorf. Surgiu a ideia no coração de um pensamento doido. A escultura que eu quis seria concebida por adição. Finas lâminas de compensado, mas que antes recortava as fatias, depois colando umas sobre outras. O resultado um bloco indefinido e áspero. Todavia, ali latejando minha Vênus em absoluta espera de beleza.
Então aquele sólido absurdo era desejo de beleza? 
E, as minhas mãos labutando a lixa! Sete dias sete noites respirando os resíduos.
Conquanto suor valeu minha Vênus lisa e clara!... Ficou de dar inveja na outra, milenária. E que jamais poderíamos tocá-la.
Minha Vênus tem lisuras e chamados para o toque, e que nem um pensamento afaga se não for por puro desejo de beleza. 
Queira sentir esse objeto, ele em suas mãos eu deixo. Embora Pigmalião se recinta a pretensa obra profanada. E não é pudor alguma restrição. Só peço um pouco de afeição e, ainda desejo que bebas no meu delírio. A escultura essa é um artesanato inútil, mas que me faz tão feliz. 
Então digo que é arte esse artifício, e fiz na condição de a matéria bruta ameigar. Eu sempre procurava uma beleza que fosse só minha para ter contentamento. Assim surgiu a imagem - uma figura objeto único estético. Um consolo por isso de eu ter tanto desejo de beleza. E perfeição!...
Mas outros massificam o mínimo delírio teu. Da criatividade se empanturram daquilo que nunca pensei ser meu, e esse desejo de beleza sem deus! Fui acusado de ateu.

O objeto nascendo de um desejo de beleza, sem código de barra. Vender a manufatura, minha Vênus pra quem? Essa obra é lucido capricho meu.

Sou o Homo Ludens! Mas tartamudo fico se me afrontam. As coisas de parolagem que me dizem! E me fazer chorar?... Eu eu que nasci pra ser poeta do riso. Ou alguma candurinha silenciosa...
E ter-lhes muita afeição.

III.
Quem alimpia as mágoas de Maria? No campo vê flor em ponta de haste! Uma penúria a flor, onde antes havia pétalas, um coroamento de defesa mínima, a espiral desenhado um feto.
Na ramagem cada broto quer ofertar o primeiro fruto e se antecipa. Um regalo doido de sabor e mel, lambuzar os lábios de Maria.
Maria? Maria pensa um menino e um trigal. O menino necessita se distrair enquanto aguarda pra ser em corpo.  O tempo o vê miúdo depois valente. Ser um homem.
Crescem-lhe os cabelos um trigal, crescem as palavras...
 O segredo!... Maria pensando: Como é lindo ser mulher?
Depois se fez bela! Tão bela que hoje a nomeiam Mariana. E vai que Mariana tem desejo de beleza. Despetalando uma flor.




sábado, 30 de março de 2013

A PaLavra é... ALTeRnaTivO (publicado no Jornal de Artes


A palavra é... ALterNativO

Alternativo. De ter opção, escolher o que mais lhe convenha. Nada de tendência e temenças, sem os interesses que visam moeda. Sem instituição e que um chefe sempre manda, não. Semente a palavra de ALTERNATIVA e suas consequências, que não cabe a palavra amordaçada. Sem grito de horror, só o absoluto gritar Liberdades. Virar as mesas, ver aranha tecendo o fio para própria ArTE. Tecer a casa.
Há pouca coisa no dizer das gramáticas ou dizem tanta palavra para alternativa. Alternativo mingua a explicação por uns adjetivos e depois que desentendo as gramáticas e, por isso me divirto com elas feito uma criança no jardim de algodão-doce. E brinca pião, vou de sublinhar apenas uma, lá dizia a explicação: alternativo. Alteradizo – uma mujer con su cepillo, el pelo porfiado, mientras el viento quebrantando la naturaleza de rebeldia... La mar los vía.
Fiquei de asas. Mas vamos ao que a palavra não disse e eu via – de aLternAtivo e que muitos lhe atribuem. Alguns nem sabem fazer poema, mas que sobre as próprias vidas vivem em versos de uma canção. Doremifar! Gosto dessas criaturas fazendo um Sol em noites de trovoamentos. E gosto mais ainda de seus gestos obrando por “espaço de conforto” e, que a vida ali não tem disciplina para servidões.
Meus muitas vezes injuriados poetas vos juro, suas definidas artes de não ter juízo e ir vivendo assim, ganhar o pão e permanecer ALterNativo – isso é que é ser de ternuras pelas cotidianas coisas e as outras existências das criaturas. Até dizem de meus versos, sublimados! Generosidade.
Conquanto, vos traço palavras que mesmo nascendo de minhas vastas ignorâncias, tenho-lhes muito daquelas citadas ternuras. Até dissociaria suas existências em viver sendo aLTernatIVo – mas palavra de virar moda em mídias o ouvido bastante se cansa.
Entrementes, há Alternavantes os compromissos – Alternativo, por uma carência que pesa e que satisfação: gentes necessitando espaço e tempo para praticar artes que o capitalismo não quer ouvir.
As Multis os Bancos e as Estatais. As Câmaras e Senado! - Vejam João do Livro – uma Garage onde acontecem Saraus e Serestas, e que o amigo enseja dias Santos ou de labutar. Um labirinto de livros onde um bardo recebe amigos e viajantes. E lá se cruzam príncipes e profetas, mulheres loucas ou pedagogas, damas recitando cantigas de amigos ou violeiros. Às vezes desconsolado um rouxinol.
Os Bancos e as Estatais, as Câmaras e Senado. - Natalia – menina que empresta vitalidade a “Nomeando”, aquela casa tem ginga e berimbau. Meninos de África, guerreiros celebrem seus cantos que eu anseio tanto ser um Griô, de aldeia em aldeia narrado próprios espantos ou lendas que me cantam caminhos de se encontrar.
As Estatais! As Câmaras?... Eliete – O “Natureza Pura” em cooperação com amigas, lá encontras Sabores e Saraus e nossos corpos e almas retornam contentes pela boa nutrição. É sempre festa para os sentidos. Dos sumos na consumação, vasta lembrança de quando éramos felizes, colhendo o fruto com a própria mão. O arvoredo ficou aprisionado na memória de nossa infância.
Câmaras e Senados? Um protesto pra dizer não. Não aos tribunados.  Mas o Cláudio empresta “Café da Praça” pras tribos sem terreiro próprio, sem teto e com sonho de ter casa. Também tem comidinhas e Saraus, turismo e festivais ondes poetas quando se despedem dizem – Até logo, amigo!
Os senadores não dizem nada, ou a voz da casa é por própria causa. Contudo em toda via há entre tantos e entrementes... E esse ALTERNATIVO, o justo suporte suportando minhas palavras desvario, então que digo: todavia e toda vida - Jornal de Artes  é Muruci um bruxo e seu pupilo, há quinze anos no laborar para que ilustres desconhecidos possam nas páginas dar o seu ar da graça, revelando suas vozes e artes e, que as mídias outras não lhes reparam. É de graças as labutações do Editor.



A Palavra é Livro ( publicado no Jornal das Artes)


A Palavra é Livro

Por Djine Klein
I.
O livro. O desesperado livro nas mãos. Abrir a porta e que as palavras da página espiam... Quem vem lá? Aquele o livro liberta tanto umas mil vozes de silêncio e pede – escute-me bem com olhos. Do autor – escapa o pensar aprisionado no excesso de criatividade, ele só fala em língua de poesia. Antes ressalta o impossível, depois refresca memórias e arde no ledor uma narrativa onde cada palavra diz o mundo inteiro, desde o “Antigamente”.  Encaminhando com carícia, mas às vezes de tanto dizer coisas de humanidades as palavras ferem-lhe. Acontece então o extravio da razão, ou alguém acha o que nunca ninguém tinha perdido. Em essência estás sendo fisgado para bordo de um barco. No fim da viagem retira-se o poeta, fecham-se as páginas e você fica com a sensação de plenitude, um contentamento como um felino adormecendo o Sol... Ou ave com pena de se voar dali as páginas, talvez apenas um remo, convencido que estás de ser um objeto lírico nas mãos de um velho Griô. E agora que já conheces a verdade, toda uma longa narrativa pode ser cada palavra ou frase um absoluto poema. Então já não poderás aceitar uma qualquer literaturas, somente se for a experiência um deslizar sobre águas transparentes com fino azul no fundo. O livro pode ser “Estórias Absonhadas”, o poeta Mia Couto - um africano transparente até nas nervuras de ser África.

Quando a poesia se cansa de ser verso é assim, o mínimo verso dentro dele uma fábula, um conto antigo de acontecer no agora. Nessa arte poetas escrevem muitos desassossegos que até parece que todos miravam os seus. Eu até fazia um contrapelo de paz, abrem-me outras janelas, entrevejo suas asas e peço um estímulo para as próprias minhas me voar. Mas acontece outros assombramentos, foi um desviar o destino não escrevi - Mariamar ela bate em minha porta, o livro do alento “A confissão da leoa”. Outro dia, antes me atingiu uma tarde de tédio teimosa de não passar, Mary Bloom surgiu na janela e eu que dedilhava a Odisséia no momento fique abensombrado. Depois quis caminhar outra paisagem, chamei o fiel companheiro para passeio nos mais longes do quintal, Diadorim espreitava de uma moita. Ao entardecer daquele e outros dias pirilampos “absonhados” acenaram-me lanterninhas... Eu já era uma criança antiga batendo na porta de alguém que logo reconheci. Anulava-me todas as farpas com um me olhar com ternura. A criatura uma mulher que tanto antevi para ser a mãe do caçador. Devolvi o bodoque, as duas hastes do estilingue agreguei cataventos. Então chamei pra rua todos os meus fantasmas porque e ainda não eram arte em biografia inventada?...
E os livros? Quem leu que nos diga o seu exaspero.


II. Poetas prosadores

 É difícil dizer o que acontece com alguns poetas. Pensava, mas se descobrisse a fórmula, se desvendasse o segredo! E tanto quis ser assim escrevinhador, encher páginas e mais páginas, e como eles nunca perder a novidade, a palavra sempre nova e antiga ressaltando verdade dos sentidos.
Sempre me rendo aos contadores de histórias, mas para os (des) inventores de gramáticas estou de joelhos. Narrando cantam a estória desliza - fazem a crônica com versos sublimados. Inventam para desvendar nas palavras o que nunca se viu, te botam num estado de aflição que nem sei. Ou é lamber as últimas palavras da narrativa com os olhos já roçando os princípios daquele mesmo texto. Até acho que nesses autores a escrita é mais um rodopio, ou banho de chuva e que eras tu a criança brincando. Sopram eles em tua alma ar azul e, um fogo arde inserir palavras recém inventadas em ledores distraídos.
Desconheço a África de Mia Couto, mas a sinto inteira na sua narrativa e sempre estive lá, da escrita ao ardido daquela terra longe. Também não sei o Pantanal, mas meus pés já sabiam alguns alagados que Manoel me refresca. O Sertão era apenas duas palavras esperando o complemento, Sertão? Veredas, entrementes Rosa reinventa aquilo tudo com poesia de doer belezas até em bravio jagunço.  E Odisséia! Agora pode ser apenas um dia de tédio, não como antes os heróis brincam de guerra. E desinventor do Clássico ousa Joyce. Os livros dos citados deliradores são – Arte de fino trato – que confirme quem soube ler.
E os adjetivos - Mia sopra neles com os pés descalços, viram personagem gente. Joyce engendra a palavra cheia de distância, você olha e diz que é difícil, olha outra vez com vagar e salta uma odisseia por palavra.  Rosa é a terra em transe, o leitor agoniado com pés descalços na página atravessando aquele árido todo. Mas com Manoel a alma descansa, nunca mais que te salva de ser girino, um cisco ou seixo, assim que eras o menino visando o mar atrás da casa, numa tarde sonolenta e silêncio de gente grande. E o quarteto fantástico - escreveram como se quisessem carimbar imagens em nossa memória, e que nem o tempo escrevendo desmemoria apaga a vontade de (re) conferir aquelas paisagens pintadas com palavras sempre frescas e chamas.


III. Livros
O Livro. Não importa se o livro é reluzente de novidade ou se edição antiga de ter sido garimpada em tesouro empoeirado. Não vendemos livros. O seu livro abarca um algo qualquer ou coisa que pensas ser especial? Quer contar/escrever sobre um livro? Se nos escrever como pensam os apaixonados, o texto se for sobre a arte da palavra e não pretender verdades (nos conformamos com ensaios) pode parar em página do Jornal de Artes.
Então diga antes, diga logo, antes que outros se animem e cheguem antes. Escreva-nos com loucura sobre um apaixonante livro. Escreva-nos embriagado. Revele-nos O Livro ou vários. Apresente-nos personagens em carne de palavra, antigo de pena ou recém pisando a terra da página.

O bom livro é sempre assim, primeiro tira do prumo, perdes o chão, mas depois da escola que tem dentro adquires juízo. Eu nunca aceito uma brochura que não tenha na orelha um par de asas. Isso é de necessidade que ás vezes as minhas ficam cansadas.
 Escreva-nos sobre o livro que mais lhe deixou impressão e, que nem o tempo apaga a Cicatriz.A Palavra é Livro


domingo, 25 de novembro de 2012


Biografia Indigente (em três atos)
Djine Klein

I.
Atenção! Isso é para que as pessoas humanas se previnam contra a minha pessoa. Essa exata pessoa que sou louca. Lunática de iras e uns silêncios necessitados. Contudo depois que a boca cresce para dizer as palavras da noite, solidão. Em transe ou afoita na arte que pratico poesia, algumas feras da confraria a que despertenço - irisadas de fúrias.
Minhas paixões os prazeres no palco e que tanto cismam contra. Ninfa personificando todos os elementos que a carne assume. E eu lhes grito essa verdade crua dos sentidos. A visão era eu num bosque correndo e que as vestes abandonadas junto um lago, os longos cabelos mal ocultando os seios nus.
E os sátiros?... Há sempre a outra face do ser gritando para romper o espelho que a reflexa. Da noite uns pios fascinam a ave oculta, então é se deixar correr até que na orla da escuridão à fímbria do dia anunciando um pouco de luz.

II.
Sim, existe o outro, um bicho e o outro lado para cada face, donde a fera uiva, as garras rasgam peles brutas e cruéis em resistência. Contra as muitas mortes, espreitando a sombra em quase desespero, todavia sou aquele animal de ternura, assustado camuflando-se sob a própria imagem.
No espelho o reflexo, um narciso se mira, todos sabem e os outros que ainda mentem a sombra desse mesmo olhar. Mas sempre também tímidos e assustados. Como eu, eles quando olhos iluminam suas imperfeições, é devolver a faísca dessa luz num raio e lâmina de arder para todos os lados.
Uma febre que consome ossos, esses antes eram brancos, agora vermelhos como o fogo. E meu corpo exposto às chamas da inquisição - afastem-me a palavra abandono.
Eis que percorro sozinha a áspera vereda e que a trilha que consola é aquela desenhada pelos próprios pés. Minha noite invidiada carrego sozinha em silêncio orgulhoso. Adiante tenho amparo no canto de uma ave indiferente a qualquer dor.
Ah, boca de pássaro é bico em que as palavras pensadas se melodiam para consolo das gentes de coração absurdo. E o meu tem asas, mas que as penas são punhais...

III.
Isso me ocorreu no dia em que tentava regressar ao princípio de tudo – um ventre de mãe quando a mulher tece mais um andarilho para as estradas do mundo. Afastar-se-ão esses meninos e sem memória, um pai ausência em navegação extraviada no tempo. E o que sobra para as vozes de amor! Nunca consola só o vento grave no rosto e olhos vidrados de espera...




sábado, 18 de junho de 2011

Pra dizer que falei de amor


             
 
O desejo no homem não dá trégua e não há disfarce que possa ocultar tanta ânsia. E quem não era de ter um desarvoramento sobre o corpo amado!
Só o soberbo nega-se ardente e não recorre ao suicídio para apagar tamanha covardia.
Quem pelo gozo não quis amar como os loucos! Com a sede dos lunáticos, o amor nos doidos nasce mais lúcido. Ama-se em rebuliço para dar distração aos áridos.
E quem vê como sacrifício alongar os braços para o encontro de dois corpos, se amando em estreitamentos... Este não sabe reconhecer os anseios da própria carne e se mente.
Eis que teatrar o vício do amor ardido pode reduzir o abismo em tempo de separação. E que têm olhos sábios os que acalentam os próprios sustos junto aos desassossegos do Ser.
Todavia sei que é lícita a conjectura de que amar com escândalo é crime, mesmo sendo o desvario a mando do coração. Mas quantos são os que amam de amor e seu contrário no mesmo ato se não os enluarados?
Eu sempre digo sim aos convites dos olhos de meu amado e devolvo o chamado com faísca de pupilas. E me prático uns sorrisos só para ele, depois as impressões de mim nele, ele explorando minhas dimensões e guardo tudo para o livro de sacramentos.
Hoje logo despertei ocultava uns restos do sono atrás das pálpebras e me dizia: chega de decifrar navalhas, que isso é exercício para os esquivos. Ou será que por timidez não sustentava o amor com riso? Será que me ficava à sombra com olhos à flor do corte! Por medo?
Mas se eu penitencio os que falam de seus amados com distraimentos!... Eu por exemplo, só me quero como louca de pedra, uma vidente anunciando o amor, livre dos juízos.
Serei eu na Ágora a falar do AMOR como os grandes de ROMA. E sendo para o meu amado de uma loucura aflita em irisado gesto de poesia só por ele.
E tenho que quando me chegarem com injúrias, suavizaria a máscara respondendo a ofensa com um truísmo. Com olhos em inclinação de modéstia sou de ofertar uma rosa ou assemelhado susto a meus algozes.
Os espinhos... Deixo-os oculto no grito interior: nunca mais farei escândalo quando descobrir que me enviaram um arpão oculto num lírio.
Sim, eu terei toda a coragem que não tem um exército inteirinho de desiludidos. Em toda essa lida de amar com gosto-mel e flor-pele descobri que de salto em salto as auroras hão de atingir-me em cheio. 
E meus dias antes escritos com puro grafite, agora as palavras registram-se luminosas por mim. E ele... É o meu bsoluto Sol.