segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Brasil Urgente Urgentíssimo

                  Chega-se a um ponto e perdemos a capacidade de dicernir entre o que é um evento natural e o que seria uma reação absurda: o sujeito comparece a uma reunião de condomínio para reclamar de um gavião e não se dá conta de que é um sujeito privilegiado, vive em lugar onde algumas aves ainda existem, então o jeito é rir.




Caros amigos, é consternado que venho pedir o seu apoio diante do problema que estamos enfrentando.  Um montívago está aterrorizando moradores de Viamão, no Rio Grande do Sul. Ocorre que o nefasto animal tem tirado o sono da população, residente no Condomínio Cantegril. Dizem uns que o monstro tem para bem mais de um palmo de comprimento, outros afirmam que pesa mais de trezentos gramas e que tem o hábito de vaguear pelas Coxilhas do Pampa.
Esperem... Neste momento recebo pelo rádio,... Não, meu Deus! A criatura voa.  “A vida está muito difícil", declara um cidadão local: “nunca temos tempo para nos refazer de uma triste história já surge outra tragédia para nos machucar ainda mais o coração”.
O gavião, informa-nos o cientista Blasfêmius Tibursius dos Dias Nebulosos, é um dos falconiformes da família dos acipitrídeos ou falconídeo. Que devora suas vítimas ainda vivas, que às vezes é um catartídeo sem escrúpulos diante do futuro cadáver de um pobre alado, seu semelhante.
Este tenebroso vampiro tem por hábito gatear indefesos bêbes-pássaros,  ainda em seus ninhos. Feroz gatázio, sanguinariamente  devora suas vítimas em segundos, não dando tempo a pobrezinha expressar seu assombro num último grito e terror. 
Quando tão voraz fera surge no horizonte sabemos que nosso desconsolo não terá apaziguamento, pois mais um ser indefeso será tragado sem piedade e a nós, só restará esta sensação de fragilidade, diante de ato tão horrendo.
E me pergunto diante de toda sociedade brasileira, como pode um ser matar a outro ser só porque tem fome de de ter fome e quer saciedade por tenra carne.
Então, confesso amigos, meu coração está geento, mas não é pelo inverno que se aproxima.  Peço-lhes a caridade, me ajudem nesta campanha contra este gânsgster. Precisamos recolhe-lo a mais funda e escura cela, para que a população gaúcha pare de sofrer com seus assaltos que tanto terror nos causa.
Não sei se é o caso de falarmos em pena de morte, já que este momento estamos sobre o efeito de grande comoção. Mas reafirmo o meu pedido, temos que nos unir para livrar o Mundo de tão cruel monstruosidade.


                                                               

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Inicio das Postagens: um poema em estado bruto

Por gostar muito da poética nordestina venho fazendo algumas experiencias, escrevendo poemas e crônicas poéticas narradas em voz agreste.



Cangaceiro Apaixonado

Sou jagunço das letras: traço-as sem piedade,
palavra-lâmida.
Um poema de pouca valia
- de riso me riem -
mas tenho que de alma sou facínora.

Ávaro e rude do viver com luxo,
sustento máscara
para que não me vejam a fome,
mas quando canto
até meu cavalo se ajoelha pra escutar...

Ah, seu moço!
A inveja é algo que arde até no coração de um bruto.
Dizem por aí que foi Deus descuidado ou teve erro,
quando me deu perneiras de prata e tanta valentia.
E sabem que tenho talento de tornar rubros
até os heróis mais discretos.

Lá no meu Sertão ninguém procumbe,
a não ser que eu conceda este mergulho de pó.

Ah, seu moço! Sou macho de lapidar feras. Mas é no rigor
das sandálias que tenho meus dissabores: Belinha
só por capricho me faz tomar banho sem ser domingo.
E ainda tenho que usar uma flor no gibão. 

Palavra por palavras

Sou Djine, criatura viciada em livros. Passo boa parte de minha vida em função desses objetos. Busco além de contéudos, curto também o objeto estético.

O impulso para iniciar um blog é a vontade de compartilhar textos, comentar livros, narrar sobre experiencias em divulgar literatura, também a própria criação.

Como leio muito sinto ânsia de dividir isso com outras pessoas e um dia acabei por também escrever. O ler é por necessidade. Sobre escrever, escrevo com palavras em bruto estado de poesia.  O pensamento chama para uma narrativa agreste e nem sei classificar o que escrevo.

Penso que sou um desespero querendo se expressar. E contar histórias? Uma quase prepotência, vontade louca de encantar, vontade de acordar no outro aquilo que em mim lateja.

E, antes da descoberta da primeira palavra conhecia sons, cores, aromas e vozes de criaturas, muitas e tantas do mundinho em que nasci. Minha selva foi aniquilada, mas preservo-me, a natureza, esta de ser quase selvagem. Silvestre tentando sobreviver em mundo mundano...