inveja
No princípio de sua dor aquele sujeito rivalizava até com a paisagem. Antes mesmo que gatos e passarinhos se pusessem em resguardo de chutes, palavras de mal dizer... O acúmulo de
sofrimentos no homem, ele praticava suas iras contra os animais. Aprendiam os
bichos a pânicos que amor não
se espera e a falta deste a ausência muito desespera. O caso se era uma inveja das liberdades? Quem sabe! Uns de fome o sujeito até se pratica a
autoternura: um Vexame! Qual gente sozinha, a pessoa com frio
e o silêncio? Uma ave de insônia em errância. Mergulhos na própria dor.
Todavia há os
enluarados. Um amanhece azul e que só um grilo lhe flecha o sonho, outro na rua
a passos de quem sabe as bandas do nascente, se distanciando outro. Vai à
trilha crescendo para escrever
rumo onde flor é flor mesmo, no chão e paisagem. Olhar e desejar - nasce relva surge rio com riso o pomar
é paraíso. Partiu aqueloutro levando do dia anterior uma criança nos olhos.
E tinha um desconforto uma tristeza
bem triste o desditoso homem, Se Arrancava
os cabelos em silêncio,
esse era ainda a sua privada casca. Tão ferido os dedos rasgando a própria carne e sangrava
agonias. Além de permanecer em estado de alerta o atormentado e seu impróprio
bicho interior, ele tinha por princípio ser ensombreado nos fins. Mas que nunca ninguém soube
por que daquelas suas vinganças se auto-aplicando.
Salvo a fera, conquanto de impossível queria
eu era de haver o tempo, ele sorrindo, mas o tal só se dava a desafeições que
eu tinha tanta pena. Um dia o chamei as quantas de
lhe dizer umas poucas bOAS palavras. umas desarroganciazinhas de carinho, Se me permitia? Intencionava
umas palavras pra ele a palavra cada qual com uns pintos de sol. Fui
breve logo dizendo para ele não ter implicância com a própria vida dele e mais
as alheantes. Justo elas lhe esbarrando as dissidências seus descaminhos frios.
Deviam os aconteceres ser com as gentes e bichos só para arrepios, pensava eu -
tem que ser a criatura
gente de justiça e beber
na paz. E minha pretensão por ele era apenas um passeio, andar os dois de ir e volta
do poente ao dia anterior. Mas ele entorta, me acusa a de vADIAGEM, até disse
uma palavra safalário ou salafrário que não entendi nada bem. Contudo, achei que
era bonita a palavra. Em desde trago-a no bolso escrito assim - Sou salafrário!?... E que repito com arranjos para assobio.
Para o homem não dei trégua. Já que
não escutava falei a boca solta: disse poética ele “enganação”, disse aRtE, ele “embromação”. Escutei ruídos de música e
pedi atenção, ele – “sai de mim poeta
chinfrim”! Fui TEIMOSO: “então o que o acaso trás e o vento nos cabelos?” Ele
esconjura e diz - “sou a razão”. Eu sou a flauta e o bailarino, meu corpo languida-se
de ser feliz e o convidei para dançar, ele pedra. Eu convocava aos salões, ele pupila rasa. O bailado foi só meu e caí em seu ocaso.
Pássaros espiavam das árvores, eu no rente
chão cuidava uma cigarra. O homem surdo, contudo
lhe vi um descuido: ele não queria e viu a flor que colibri flechara. Eu? - Ah!
“se de tais rosas tua estátua se erigisse!”. Meu arpão a ponto de mágoa e foi que
no final do embate ouvi: “e as vozes?” Escutei
o incrédulo e arrematei: “no PARAíso vou apascentar-me de
ternuras, para ti não há
carícia que te salve, a preguiça tudo cala.
E os bichos, pressinto o que ele
quase pensava. Acrescentei, nós temos os contentamentos, tu as raivas e quando
eu disse - “Os pássaros” e piei, ele grita: me irritam. E eu por último: “ave
de princípio um dia também voo”.
O homem? Entrou em desamparo de me escutar
assim. E me decretou a derradeira palavra - Louco!
Obs: o texto foi publicado no Jornal de Artes, edição: julio/13.