I.
Foi
antes muito antes na pré-história eu já era bicho-gente, caçava pescava minha
comida e amor. Um dia!...Que nada não tinha essa demarcação gente coisa casa
tempo, como hoje ainda em alqueire de terra ver a paisagem lhe despertence. Um
campo em que flor desponta na ponta de uma haste, ninguém há de ser o dono
apesar das farpas o arame a cerca.
E
olho assim o meu avistando essas belezas desassossega regramentos que, um juiz
nunca lhe alcança para grades. O meu desejo de beleza para tais visões é algo
que nem o mais nobre sábio desaconselhando eu resistia de ter asas e ver
afortunadas configurações.
Naquele
não-tempo todo mundo era nu e pelado. Bicho gente sempre agrupados,
sociabilizar parasitas na pele do outro e que gozo as fêmeas redondas!... Eu ficava
por indefinido estar ali, somente eu só numa sombra. E elas em grupo - muito as visionava nas minhas preguiças e,
acarinhante a sombra.
Depois
foi que principiei a uma despertação: quis acordar sobre um algo que sentia,
mas sem palavras, não traduzia nem a mim a vertigem.
-
Então as fêmeas e aquelas todas vastidões?
Era
um ponto como coisa pontual, aquilo apontando em mim, feito pulga entre o
cocorôco e os olhos, a coisa dentro, eu não alcançava, suspeitando...
-
Desejo de Beleza? Ou aquilo que somente alcancei em pegar a força, a grito. E
que nunca mais parei de ter fome e insônias.
II.
Desejo de beleza é uma Vênus
como a de Willendorf. Surgiu a ideia no coração de um pensamento doido. A
escultura que eu quis seria concebida por adição. Finas lâminas de compensado,
mas que antes recortava as fatias, depois colando umas sobre outras. O
resultado um bloco indefinido e áspero. Todavia, ali latejando minha Vênus em
absoluta espera de beleza.
Então aquele sólido absurdo
era desejo de beleza?
E, as minhas mãos labutando a lixa! Sete dias sete noites
respirando os resíduos.
Conquanto suor valeu minha
Vênus lisa e clara!... Ficou de dar inveja na outra, milenária. E que jamais
poderíamos tocá-la.
Minha Vênus tem lisuras e
chamados para o toque, e que nem um pensamento afaga se não for por puro desejo
de beleza.
Queira sentir esse objeto, ele em suas mãos eu deixo. Embora
Pigmalião se recinta a pretensa obra profanada. E não é pudor alguma
restrição. Só peço um pouco de afeição e, ainda desejo que bebas no meu
delírio. A escultura essa é um artesanato inútil, mas que me faz tão feliz.
Então digo que é arte esse artifício, e fiz na condição de a matéria bruta ameigar. Eu sempre procurava uma
beleza que fosse só minha para ter contentamento. Assim surgiu a imagem - uma
figura objeto único estético. Um consolo por isso de eu ter tanto desejo de
beleza. E perfeição!...
Mas outros massificam o
mínimo delírio teu. Da criatividade se empanturram daquilo que nunca pensei ser
meu, e esse desejo de beleza sem deus! Fui acusado de ateu.
O objeto nascendo de um
desejo de beleza, sem código de barra. Vender a manufatura, minha Vênus pra
quem? Essa obra é lucido capricho meu.
Sou o Homo Ludens! Mas
tartamudo fico se me afrontam. As coisas de parolagem que me dizem! E me fazer
chorar?... Eu eu que nasci pra ser poeta do riso. Ou alguma candurinha
silenciosa...
E ter-lhes muita afeição.
III.
Quem
alimpia as mágoas de Maria? No campo vê flor em ponta de haste! Uma penúria a
flor, onde antes havia pétalas, um coroamento de defesa mínima, a espiral
desenhado um feto.
Na
ramagem cada broto quer ofertar o primeiro fruto e se antecipa. Um regalo doido
de sabor e mel, lambuzar os lábios de Maria.
Maria?
Maria pensa um menino e um trigal. O menino necessita se distrair enquanto aguarda
pra ser em corpo. O tempo o vê miúdo depois
valente. Ser um homem.
Crescem-lhe
os cabelos um trigal, crescem as palavras...
O segredo!... Maria pensando: Como é lindo ser
mulher?
Depois
se fez bela! Tão bela que hoje a nomeiam Mariana. E vai que Mariana tem desejo
de beleza. Despetalando uma flor.
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