quinta-feira, 6 de junho de 2013

Desejo de Beleza

I.
Foi antes muito antes na pré-história eu já era bicho-gente, caçava pescava minha comida e amor. Um dia!...Que nada não tinha essa demarcação gente coisa casa tempo, como hoje ainda em alqueire de terra ver a paisagem lhe despertence. Um campo em que flor desponta na ponta de uma haste, ninguém há de ser o dono apesar das farpas o arame a cerca.
E olho assim o meu avistando essas belezas desassossega regramentos que, um juiz nunca lhe alcança para grades. O meu desejo de beleza para tais visões é algo que nem o mais nobre sábio desaconselhando eu resistia de ter asas e ver afortunadas configurações.
Naquele não-tempo todo mundo era nu e pelado. Bicho gente sempre agrupados, sociabilizar parasitas na pele do outro e que gozo as fêmeas redondas!... Eu ficava por indefinido estar ali, somente eu só numa sombra. E elas em grupo -  muito as visionava nas minhas preguiças e, acarinhante a sombra.
Depois foi que principiei a uma despertação: quis acordar sobre um algo que sentia, mas sem palavras, não traduzia nem a mim a vertigem.
- Então as fêmeas e aquelas todas vastidões?
Era um ponto como coisa pontual, aquilo apontando em mim, feito pulga entre o cocorôco e os olhos, a coisa dentro, eu não alcançava, suspeitando...
- Desejo de Beleza? Ou aquilo que somente alcancei em pegar a força, a grito. E que nunca mais parei de ter fome e insônias.

II.
Desejo de beleza é uma Vênus como a de Willendorf. Surgiu a ideia no coração de um pensamento doido. A escultura que eu quis seria concebida por adição. Finas lâminas de compensado, mas que antes recortava as fatias, depois colando umas sobre outras. O resultado um bloco indefinido e áspero. Todavia, ali latejando minha Vênus em absoluta espera de beleza.
Então aquele sólido absurdo era desejo de beleza? 
E, as minhas mãos labutando a lixa! Sete dias sete noites respirando os resíduos.
Conquanto suor valeu minha Vênus lisa e clara!... Ficou de dar inveja na outra, milenária. E que jamais poderíamos tocá-la.
Minha Vênus tem lisuras e chamados para o toque, e que nem um pensamento afaga se não for por puro desejo de beleza. 
Queira sentir esse objeto, ele em suas mãos eu deixo. Embora Pigmalião se recinta a pretensa obra profanada. E não é pudor alguma restrição. Só peço um pouco de afeição e, ainda desejo que bebas no meu delírio. A escultura essa é um artesanato inútil, mas que me faz tão feliz. 
Então digo que é arte esse artifício, e fiz na condição de a matéria bruta ameigar. Eu sempre procurava uma beleza que fosse só minha para ter contentamento. Assim surgiu a imagem - uma figura objeto único estético. Um consolo por isso de eu ter tanto desejo de beleza. E perfeição!...
Mas outros massificam o mínimo delírio teu. Da criatividade se empanturram daquilo que nunca pensei ser meu, e esse desejo de beleza sem deus! Fui acusado de ateu.

O objeto nascendo de um desejo de beleza, sem código de barra. Vender a manufatura, minha Vênus pra quem? Essa obra é lucido capricho meu.

Sou o Homo Ludens! Mas tartamudo fico se me afrontam. As coisas de parolagem que me dizem! E me fazer chorar?... Eu eu que nasci pra ser poeta do riso. Ou alguma candurinha silenciosa...
E ter-lhes muita afeição.

III.
Quem alimpia as mágoas de Maria? No campo vê flor em ponta de haste! Uma penúria a flor, onde antes havia pétalas, um coroamento de defesa mínima, a espiral desenhado um feto.
Na ramagem cada broto quer ofertar o primeiro fruto e se antecipa. Um regalo doido de sabor e mel, lambuzar os lábios de Maria.
Maria? Maria pensa um menino e um trigal. O menino necessita se distrair enquanto aguarda pra ser em corpo.  O tempo o vê miúdo depois valente. Ser um homem.
Crescem-lhe os cabelos um trigal, crescem as palavras...
 O segredo!... Maria pensando: Como é lindo ser mulher?
Depois se fez bela! Tão bela que hoje a nomeiam Mariana. E vai que Mariana tem desejo de beleza. Despetalando uma flor.




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