quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Inicio das Postagens: um poema em estado bruto

Por gostar muito da poética nordestina venho fazendo algumas experiencias, escrevendo poemas e crônicas poéticas narradas em voz agreste.



Cangaceiro Apaixonado

Sou jagunço das letras: traço-as sem piedade,
palavra-lâmida.
Um poema de pouca valia
- de riso me riem -
mas tenho que de alma sou facínora.

Ávaro e rude do viver com luxo,
sustento máscara
para que não me vejam a fome,
mas quando canto
até meu cavalo se ajoelha pra escutar...

Ah, seu moço!
A inveja é algo que arde até no coração de um bruto.
Dizem por aí que foi Deus descuidado ou teve erro,
quando me deu perneiras de prata e tanta valentia.
E sabem que tenho talento de tornar rubros
até os heróis mais discretos.

Lá no meu Sertão ninguém procumbe,
a não ser que eu conceda este mergulho de pó.

Ah, seu moço! Sou macho de lapidar feras. Mas é no rigor
das sandálias que tenho meus dissabores: Belinha
só por capricho me faz tomar banho sem ser domingo.
E ainda tenho que usar uma flor no gibão. 

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